segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Vendido

Dói-me o corpo de tanto me apertar.
Preciso (mesmo) de alguém para me abraçar.
Qualquer dia saio à rua com uma placa
nas mãos a pedir carinho...
Sinto que a minha cabeça está fraca
e o corpo segue no mesmo caminho.
Não sei o que mais fazer
com tanta ideia indecente
a assolar o meu ser,
mas não quero ficar indiferente
às dores dos outros por só as minhas ver.
Sinceramente,
não sei como me irei salvar.
Nunca me sinto bonito
e ninguém consigo encantar.
Eu ainda mal acredito,
mas, no outro dia, até sentia vontade de pagar
a alguém para me dar algum bem-estar...
Alguém que me pudesse acariciar
e, por um instante, (falsamente) de mim gostar.
E odeio sentir que estou a ser infiel
ao meu mundo utópico feito de mel
e de sentir raiva (até) das coisas boas em mim,
mas não sei como deixar de me sentir assim.
Estou descontente com o que tenho,
assustado com tudo (e de qualquer tamanho)
e tão cansado de viver neste mundo estranho,
onde todos se sentem feras, mas eu só sinto acanho.
Tantos ideais e filosofias...
Trocava tudo por algumas mordomias,
como ter parceira de coração e de alma
a quem pudesse dar tudo e receber amor e calma.
Sinto-me tão desamparado e perdido...
Tanto desejo de ser acocorado...Sinto-me um vendido.
A sério! Já quase me pus à venda de tanto desesperar!
Mas ainda não consegui...
Ainda não me vendi...
Alguém quer comprar?

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