sexta-feira, 26 de março de 2010

TresVariando (3)

Penso em melhorar-me
dias e noites fora.
Mas sinto o medo a trespassar-me
a toda a hora.
Vejo a incerteza a abater-me.
E, assim, estou agora.
Aqui, no chão, a debater-me
para me levantar e ir embora...
Mas ir onde?
Atrás do sol quando se esconde?
Ou, talvez, até
à lua, quando se vai...
Com um pouco de fé,
pelo caminho, o parasita sai.
Mas, então, olho para cima
e em meu redor.
De repente tudo me fascina,
até o mais ínfimo pormenor.
Sinto muita pequenez,
o que me deixa algo aliviado.
Provavelmente porque, talvez,
de tudo, eu seja só um bocado.
Surpreende-me a alegria
que me invade subitamente.
Contenta-me toda esta energia
que é a vida, em movimento eternamente...
E, assim, de mim, me esqueço
sem, de mim, tentar fugir.
Existem mesmo coisas sem preço...
Como a imaginação e o seu fluir.
Como poder sonhar,
até, com o inconcebível.
Como poder contemplar
mais do que nos é visível.
Como desejar alcançar
o possível e o impossível.
Como conseguir amar
alguém tão implausível...

sexta-feira, 12 de março de 2010

O voo da borboleta

Havia uma borboleta
com asas de cor cinzenta. 
Nos seus sonhos era selecta 
Pelo seu concretizar estava sedenta. 
Muito sonhava 
(em) ter as asas doutras cores. 
Muito farta estava 
do cinzento e (dos) seus dissabores. 
Aquelas asas culpava 
por ter perdido (os) seus amores. 
Numa mudança acreditava 
se fosse bela como as flores. 
Mas a borboleta não voava, 
porque tinha medo de se magoar. 
Tão frágil se encontrava, 
que não era capaz de (o) tentar.
As cores que tanto desejava
não era (sequer) capaz de alcançar.
A coragem (de) que precisava
não era capaz de (a) ganhar.
E assim a borboleta estava
quando no céu reparou.
Uma das cores que ansiava
ela, por fim, alcançou.
A borboleta cinzenta continuava,
mas azul se imaginou.
Umas das cores que desejava
assim (a) ganhou.
Passado um momento
a borboleta estava muito colorida.
 Cheia de cor e contentamento,
aos ares fez (a) sua subida.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O tempo anda e corre.
O sol vem e vai.
A lua sobe e cai.
Mais um dia morre.
Mais um dia renasce.
A vontade cresce,
mas mais um medo nasce.
E nada mais floresce.
Uma nova resolução faz-se,
mas o coração desfaz-se..
Muito o tento reparar,
mas muitos bocados me falta apanhar.
Tantos passos errados
no jogo da vida consegui dar..
Agora passo-a a lamentar
os tantos actos falhados.
Tantos recados
ficaram por dar.
Tantos pecados
estão por perdoar.
Tanto sonhar..
mas tão pouco concretizar.
Tanto sentir..
mas tão pouco agir.
Penso demasiado,
até que fico atrofiado..
depois, debato-me mais um bocado.
Deste corrupio estou tão cansado.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Eternamente Apaixonado

Ela entra em mim.
Arrepia-me quando me toca.
Faz-me suspirar sem fim...
Por vezes quase me sufoca.
Ela é o meu anjo, o meu serafim...
É raro ela me sair da cabeça.
Não sei o que será de mim
se, n'algum dia, eu a esqueça.
Comigo, sempre, quero tê-la,
muito ou pouco me ofereça...
Ó céus! É tão bela!
Amo-a, mesmo que não me apeteça!
Com ela, quero dar uma escapadela.
Com ela, muito sorriu e muito choro.
Que seria de mim sem ela?
Ó música! Como te adoro!

TresVariando (2)

O teu olhar,
ardente e penetrante,
é capaz de me deixar
o coração palpitante.
O teu olhar,
belo e cintilante,
faz-me tresvariar
a cada instante.
O teu sorriso
faz-me sentir euforia.
O teu riso
contagia-me com alegria.
O teu corar,
quando essas bochechas se enchem,
faz-me querê-las acariciar.
Algo em mim preenchem.
O teu rubor
faz-te ainda mais apetitosa.
Como quero sentir o teu sabor,
menina... como deves ser gostosa...
Em ti me perco
e em ti me encontro.
Anseio ter-te perto.
Cansa-me tanto este confronto.
Cansa-me tanto este batalhar
entre o que desejo obter
e o que temo perder.
Não tenho medo de te amar,
mas tenho muito de o demonstrar.
Eu aceito-te como és.
Serás capaz de me aceitar?
Por favor, não me dês com os pés.
Deixa-me continuar a sonhar...

quarta-feira, 3 de março de 2010

TresVariando

A noite cai
e tenho mais uma desculpa
para me perder no pensamento.
A comoção vem e vai.
Penso em medo e em culpa.
Debato-me a todo o momento.
Ando com isto a cada dia,
a cada hora, a cada minuto,
a cada segundo...
Quero caçar a alegria.
Ao amor conquistar o usofruto.
Só isso.. e desvendar outro mundo.