segunda-feira, 21 de junho de 2010

naturaL

Nada me traz alegria mais pura
do que ver a vida a viver,
como pombos a voar, e avestruzes a correr.
Ou como contemplar a nossa, clara ou escura,
cúpula celeste, que sempre nos inspirou.
Sei que sempre me fascinou.
Sempre me esmoreceu a amargura
até que só a alegria dominou.
E o meu ser, assim, sempre voou.
A natureza é-me como uma frescura,
que me renova só de a ver.
É a mãe que nos deu o dom de viver.
É ela que nos cura.
Finalmente o consegui compreender.
E, agora, um seu instrumento quero ser.
Quando algo parece que me tortura
tento-me lembrar que ela o ordenou.
É graças às suas lições que sou...
Vou demonstrar gratidão com ternura,
honrar tudo o que me ensinou
e retribuir o amor que sempre demonstrou.
Com toda a abertura,
e de braços abertos, espero receber
a próxima lição que tenho para aprender...

...que preciso para vencer...

Dias cinzentos

O sol escondeu-se
e apareceu mais um dia cinzento.
Não sei quantos mais eu aguento...
O meu calor, a minha luz perdeu-se.
Mais um dia que enfrento
sem energia, sem alento...
Mas eu sou uma pessoa!
Não sou um painel solar!!
Mesmo se a minha alma não voa
também não a deveria enterrar!
Mesmo sem o sol, e a sua energia,
não se deveria desvanecer a minha alegria.
E não consigo parar de pensar
em como odeio o egoísmo.
Mas também o tenho. Nisso não consigo desacreditar.
Estou cansado de todo este cinismo
e a ele não me quero render,
mas os mesmos erros continuo a cometer.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um sonho tresvariado

A tua mente
vive um sonho bem diferente
de o de toda a gente.
Cada um sonha no seu.
De certeza que o teu
é bem diferente do meu.
Não há dois sonhos iguais...
E ainda criamos mais.
Sonhamos um novo sonho juntos.
Os relacionamentos são sonhos conjuntos.
É termos os corações adjuntos.
É criarmos uma nova energia,
fundindo as nossas. É a magia
da vida, fluindo por mais uma via.
Os sonhos mais belos quero viver.
Acima de tudo, é o que desejo fazer.
Agora, vou domar a vontade até se render.
Até florescer a semente,
que tento plantar nesta mente,
e uma árvore feita de amor se erguer.
E dos seus frutos me vou alimentar,
para ter a força de, os mais belos sonhos, criar
contigo, comigo, com tudo o que me rodear...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Pétala de vida

A pétala duma flor
veio poisar na minha mão.
Encheu-me o coração
de alegria, e amor,
receber aquela bela prenda
de outra parte de mim.
A vida é mesmo assim...
Aceito-a, mesmo que não a compreenda.
A sua delicadeza
faz-me ter a certeza
de que tudo ficará bem.
É a carícia que a vida, para mim, tem.
A sua suavidade comove-me.
A pétala, a mão, move-me
enquanto a sigo com o tacto.
Que está cheia de luz é um facto.
A sua cor muito me seduz...
E a minha alma assim reluz.
Não adianta estar triste
com tanta vida que, em mim, existe.
Se, uma parte de mim, não me aceitar,
outras o farão sem hesitar.
Obrigado, vida, por não me quereres rejeitar.
Por me dares esta pétala para eu não chorar.
Obrigado, vida, por me quereres mostrar
que, muito, tenho para me contentar.
Obrigado, amor, pela esperança, que me vieste dar,
de que, todas as partes de mim, me poderão perdoar.

A picada do escorpião

No meu peito tinha um bafo
quente, e senti necessidade
de o deitar cá para fora.
Hoje, castigo-me por aquele desabafo,
que, me levou a felicidade
e, me deixou como estou agora.
Estou arrependido, por ter falado
o que devia, e o que não devia,
porque não tive tacto e não tive medo.
Hoje, acredito que não serei perdoado,
porque não mantive a cabeça fria.
e, não guardei um único segredo.
Estou triste, por ter desmoronado
a grandiosa torre, dentro de mim,
que me iria permitir alcançar o céu.
Depois de tanto ter chorado
sinto uma secura sem fim
e que mereço aquilo que a vida me deu.
Se é o sofrimento que me fará crescer,
que venha todo de uma vez. Aceito-o com prazer.
Não quero magoar ninguém,
mas acabo sempre a alvejar alguém.
É a picada do escorpião.
Não me deixa curar o coração.

Sem sentido

Quem me dera ser mudo,
para não poder dizer tudo...
Quem me dera ser surdo,
para que a falta de uma voz não me fosse um furto...
Quem me dera ser cego,
para que o meu reflexo não me fosse um desassossego...
Quem me dera não ter cérebro,
para que tudo me fosse efémero...
Quem me dera não ter coração,
para não me sentir uma desilusão...
Quem me dera não ter alma,
para não me achar um condenado sem calma...
Quem me dera estar despedaçado,
para este todo não estar tão destroçado...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O beija-flor

Anda por aí um beija-flor.
Voa, cheio de cor,
à procura de mais cores.
Procura os seus amores.
Anda por aí, sempre, a dançar.
E dança, cheio de graça, pelo ar.
Dança lindamente e sem pudores.
Vive para beijar todas as flores.
Vive, sem saber, para, vida, criar.
E ele é vida. É uma expressão do seu amar.
Das flores é o Cúpido.
Da vida e do seu amor ele é um amigo.
Ele é um artista e a sua arte
é criar beleza. E ele também faz parte
dessa sua arte, que é viver,
a mais bela vida, até ela, daqui, desaparecer.

"Dança comigo"

A mais bela dança
anseio por dançar.
Mantenho a esperança
que alguém me queira ajudar.
Não a quero coreografar
sózinho nem em torno de mim girar.
Acho que sempre soube
o que, na vida, me vai realizar...
Mas nunca houve
quem achasse capaz de o aceitar...
Até eu próprio o tentei negar!
Mas, por enquanto, só quero mesmo dançar.
E sei que serão os passos, que anseio descobrir,
que, muito, me ajudarão a evoluir.

Luas e marés

Uma lágrima perdida,
se é que isso existe.
Uma lágrima esquecida,
que, num mar, persiste...
Numa maré, de lágrimas,
dum oceano, de lástimas...
Uma lágrima evaporada,
que não deixa de ter sido criada.
E o vapor, aos céus, sobe...
Desaparece, mas não some...
Um suspiro abafado
por um momento encalorado.
Um coração, febrilmente, aquecido
mas, friamente, nunca esquecido
de que a felicidade também é triste...
É a maré que nunca desiste.
Luas e marés...
Verdades cruas e infiéis.
Mas não fiquei a apanhar bonés!
Uma paisagem nova pinto com meus pincéis.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Tresvario da alma

Já quase não cabe
no receptáculo...
E espero que isto não acabe,
porque está a ser um espectáculo!
Este maravilhoso expandir
que, cristalinamente, se reflecte
num precioso sorrir...
...Ai, que isto promete!
Vou aproveitar o impulso
e nunca mais ficar a ganhar pó!
Vou usá-la e dar lhe uso,
como nunca antes.. sem piedade nem dó!
Constantemente, não lutarei com ela.
Permanecerá, imaculadamente, singela.
Como a mais doce e nobre princesa,
cheia de graciosidade e beleza.
A sua força aperta-me
mas, em simultâneo, liberta-me.
Por isso, não a hei-de apertar.
Vou deixá-la crescer e voar!
Ó alma, que estás em iluminação,
só te peço que não me cegues o coração!
E que o teu brilho ilumine o caminho,
sem deixar de ver o que passo até ao destino.