quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Ano da Fada

No início dos tempos
apenas uma fada existia.
Pairava, apanhando momentos,
cheia de graça e alegria.
Saltitava por todo o lado,
como a mais inocente menina,
e tornava o mundo encantado,
com os seus olhos de felina.
Quando ela dançava
não faltavam espectadores.
Todos ela hipnotizava...
Pessoas, animais, e até flores.
Por ela tão fascinadas...
nem as cores lhe resistiam.
E nas suas asas douradas
todas se reflectiam.
A poeira luminosa e mágica,
que suavemente emanava,
é hoje uma recordação nostálgica
de uma passado que não passava...
... Mas que passou.
Outros tempos se passaram
desde que aquela fada hibernou.
Outras histórias se contaram,
mas mais nenhuma me interessou.
Nada me parece mais belo
que o tempo em que a fada voou.
Isso posso prometê-lo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

D. Maria Pulguinha

Socialmente incorrecto
é o meu dialecto
e temos pena
se a paciência é pequena
para ouvir minhas loucas verdades.
Todos vivemos em paralelas realidades.
A maioria recheada
de indecentes decências
ou, então, mascarada
com falsas inocências.
Comportaste como se não fosse nada
mas andas bem enganada.
Até parece que queres
merecer o teu lugar no inferno
com as tantas almas que feres.
E da tua desgraça
ergues o teu governo.
És como uma traça,
a esburacar a nossa protecção.
Se calhar já andas a dar graxa
ao teu futuro patrão.
Deves andas a trabalhar
para uma suite com colchão,
ao lado da câmara de tortura
que, em tua honra, construirão.
Lá não acabará a fartura
do sofrimento que tanto amas.
Bem tento, mas não compreendo
porque queres uma casa em chamas.
Cá eu só me arrependo
de não ter começado a lutar
contigo antes de te encontrar.
Bem podes procurar abrigo.
Eu vou-te caçar.
O Diabo pode ser teu amigo.
Deus do meu lado há-de estar.
A escuridão é mais rápida que a luz,
mas esse tipo de adrenalina não me seduz.
Sou o único vidente da minha sina.
Por isso, prepara-te para a chacina.