quinta-feira, 7 de outubro de 2010

TUrisM

Era de manhã e a baixa lisboeta aparentava encontrar-se atarefada, como em tantos outros dias. Bebia o meu café com leite de todas as manhãs, não fosse o facto de o açucar ter nevado em muito menos quantidade, para cima da minha bebida, do que o costume. 
Fiquei fixado nas pessoas que circundavam e entravam e saíam daquela igreja, ali ao meu lado, que me era, simultâneamente, tão familiar e tão estranha.
Pensei para os com os meus botões que mal não faria entrar. Talvez fosse realmente um refúgio do mundo exterior e me trouxesse alguma serenidade numa manhã caótica, como normal num dia de semana citadino. Lembrei-me, inclusive, que me tinham dito há tempos que as suas imagens eram bem bonitas, o que na altura me deixara algo curioso. 
Decidi entrar. 
Logo que passei a entrada fiquei fascinado com o espaço, que me pareceu enorme, provavelmente por esperar algo menos imponente. Dirigi-me em direcção ao altar enquanto admirava as várias imagens de santos, que me parecerem, como que, guardiões e comité de boas vindas ao mesmo tempo.
Sentei-me num dos bancos da frente e, logo após o fazer, notei algo que pareceu devastar-me por completo. Desatei num pranto, imediatamente. Algumas pessoas dirigiram a sua atenção para mim, parecendo tão estupefactas como eu com aquela "cena". 
Quando lá me consegui acalmar tentei analisar de onde me veio aquilo, mas em vez de uma resposta surgiram mais perguntas. Não tinha pensado em ninguém, e nem sequer prestado atenção às pessoas que se encontravam naquele "refúgio" comigo. Simplesmente sentei-me, olhei uns quadros e fiquei naquele estado? Que explicação poderia existir? Não entrar numa igreja há mais de 15 anos? Nunca me senti culpado por não crer em Deus nem em Cristo, ou em qualquer santo, segundo as ideias da igreja. Concluí que pensar não me iria ajudar em nada 
Levantei-me e naveguei-me até à saída, calmamente, o que me custou bastante, estando eu tão vontade de sair dali a "sprintar".

Moral da história: Tão cedo não volto a entrar numa igreja!! 

É difícil não exercer julgamento a um lugar que, agora, me parece infinitamente recheado de negatividade. Um local onde as pessoas vão para sentir pena (e onde há pena não há amor) de si próprias, e dos outros, onde esperam por salvação ou por soluções que, talvez, nunca cheguem. 

Mais que nunca sei que não é assim que quero passar o tempo que me foi emprestado

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