sexta-feira, 3 de junho de 2011

(desa)bafos quentes

Depois de tudo
aquilo que já passei
ainda me consigo achar sortudo.
Ainda me consigo sentir rei.
É certo que raínha
não tenho a meu lado.
É a enorme graínha
que me deixa engasgado.
Mas isso não será minha morte.
Só eu defino a minha sorte,
que me traçará rumo a bom norte.
Seguirei com o meu porte.
Porque o que quero
é transportar (e transbordar) amor.
Não sei porque espero
que o mundo se encha de cor.
Afinal não se pode encher
o que já se encontra cheio.
E eu apenas posso colher
aquilo que semeio.
Muito do que semeei
já deixei apodrecer.
Mas desta vez sei
o que fazer.
O Sol, que vive neste peito,
mais forte está a crescer.
Mais chamas a arder eu vejo.
Nada mais preciso para me vencer.

Tento sempre ser querido,
embora raramente me sinta por alguém.
Quero muito ser querido,
mesmo quando não quero ninguém.
Tanto amor querido,
e o meu não reservei.
Agora o sentimento querido
é amar-me como um dia amei.
E a voz que me sussura ao ouvido
nunca mais escutarei.
Agora o discurso querido
é que, para sempre, assim viverei.

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